domingo, 21 de julho de 2013

A BANDEJA DA POESIA...

                                                           A BANDEJA NA POESIA
                           
 Era um cair da tarde  do primeiro dia de fevereiro do ano de 2012,
  ao sair do trabalho num encontro despretensioso, inusitado e proveitoso, tive o prazer
  de papear por alguns minutos com minha amiga , poetisa, e professora das boas , Edilza Vasconcelos.
  Claro que nossa conversa gira em torno de poesias , poetas e repentistas, uma verdadeira
  aula para mim que sou um curioso  e admirador  ferrenho do cordel, tanto que  as vezes
  me arvoro a escrever um pouco.
  Surge mais  que  de repente, um assunto dos mais importantes, no que diz respeito a
  cantorias.
  É sobre a manutenção da “BANDEJA” na cantoria de viola...sai daquela conversa  com o
  juízo remoendo e com vontade  de expressar o meu pensamento.
  Quero dizer inicialmente que na minha modesta opinião, retirar a bandeja da cantoria
   é querer secar o mar, ou tentar apagar um incêndio com gotas d'água carregadas  em
  bicos de  andorinha, .
Existe uma passagem bíblica que trata do dízimo e diz que você deve ofertar aquilo  que
 lhe sobra, no entanto uma  senhora de avançada idade , resolve ofertar a única moeda
que tinha, isto nos mostra ter sido esta a maior oferta, pois foi dado tudo o que tinha,
não importa o valor, mas sim o ofertório.
Uma pessoa pode ter dinheiro suficiente para contratar uma dupla de cantadores  e se
deliciar  com a arte dos dois, mas é preciso que a bandeja seja mantida, não só pela
tradição, mas também porque outras pessoa menos afortunadas que estejam a participar
da cantoria , possam deixar a sua singela oferta, em reconhecimento ao trabalho ali
executado.  Não é só o dinheiro que paga a apresentação  de um artista, o aplauso a
atenção, o reconhecimento pela arte em determinadas ocasiões  tem valor superior ao
 monetário.
Um pé de parede sem a  presença da bandeja, torna-se um evento capenga, uma cantoria
 Saci-pererê.
Depois fiquei a refletir, quem sou eu para opinar em tal assunto. Mesmo assim estou eu
 aqui fazendo a minha parte, inspirado na eloquente defesa da poetisa Edilza Vasconcelos,
que com unhas e dentes vem levantando a bandeira  na defesa deste patrimônio  da
cantoria que´é a BANDEJA. Espero que o meu amigo e irmão Ézio Rafael , com sua
sabedoria e conhecimento profundo do assunto , abrace esta causa, e que dissemine
no meio artístico dos poetas,  a manutenção da bandeja, um tradicional gesto tão antigo
 quanto a própria poesia...
Que  desculpem-me os defensores da retirada da bandeja, eu ficaria muito triste se isso
 ocorresse..acho que o romantismo ainda tem vaga nos corações dos poetas e dos 
admiradores,   destes talentos natos do nosso nordeste....
SÃO JOSÉ DO EGITO, ROGAI POR NÓS..........

 DE UMA COISA OUVI FALAR
 E ME BATEU A TRISTEZA
NÃO ACABEM A BELEZA
NÃO DEIXEM ISSO ACABAR
A BANDEJA HÁ DE FICAR
E O POETA NO REPENTE
AGRADECE E DIZ A GENTE
NÃO MEXAM NESSA BANDEJA
BENDITO LOUVADO SEJA
DEIXA AI ESSA SEMENTE.

A BANDEJA JÁ FAZ PARTE
É UMA GRANDE TRADIÇÃO
O CANTADOR DIZ QUE NÃO
NÃO QUER VER ESSE DESASTRE
O DÍZIMO DA NOSSA ARTE
QUE JÁ VEM DO ORIENTE
PERMANEÇA PARA SEMPRE
ESQUEÇAM ESSA PELEJA
BENDITO LOUVADA SEJA
DEIXA AI ESSA SEMENTE

            Hugo Araújo: Arcoverde 06/02/2012...........

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